O governo brasileiro criou, no final de Maio, um Comitê Executivo de Coordenação e Controlo de Fronteiras, que reunirá os ministérios da Defesa, Justiça e Cidadania e Relações Exteriores, com apoio da Polícia Federal, Receita Federal, Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) e Forças Armadas.
O objectivo é “unificar o comando das operações já previstas, optimizando recursos e fazendo da inteligência um trunfo para surpreender criminosos que actuam nos cerca de 17 mil quilómetros de fronteiras secas”. As fronteiras marítimas e fluviais também receberão atenção. As datas das operações serão mantidas em sigilo.
“São três tipos de problemas que temos: contrabando de armas, tráfico de drogas e de mercadorias. São 30 mil milhões de reais de contrabando por ano e perdem-se pelo menos 20 milhões de reais em receita, sem mencionar que as mercadorias são feitas sem gerarem emprego no País”, afirmou o ministro das Relações Exteriores, José Serra.
Por seu turno, o ministro da Defesa, Raul Jungmann, revelou que, para aumentar a vigilância e a efectividade das operações, será alugado um satélite israelita que utiliza tecnologia moderna. “Estamos alugando de Israel um satélite de baixa altitude, uma ferramenta tecnológica fundamental que permite uma resolução de quatro ou cinco metros a partir do espaço. Vamos poder acompanhar todo e qualquer movimento nas nossas fronteiras, que servirão de ferramentas para Defesa, Receita, Polícia Federal e Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Isso significa um salto tecnológico”, confirma Jungmann.
Ainda segundo este responsável, “não haverá restrição orçamentária” na execução desse projecto, “já que o que se fez foi reunir várias operações já programadas numa única”. O ministro da Defesa disse ainda que não irá revelar as datas das operações, uma vez que “o comitê considera o efeito surpresa fundamental para inibir a criminalidade”.
O governo brasileiro espera poder contar com o apoio dos países vizinhos. “A acção diplomática é essencial. Temos 17 mil km de fronteiras e boa parte serve como trânsito para acções delituosas. Temos que somar forças com a Argentina. Este assunto será puxado por Brasil e Argentina”, concluiu José Serra, ministro das Relações Exteriores.
Na contramão das acções de controlo de fronteiras, está em vigor desde o dia 1º de Junho, no Brasil, a isenção unilateral de vistos para turistas australianos, canadianos, norte-americanos e japoneses. O governo federal justifica que a definição desses países levou em conta o elevado fluxo emissivo ao Brasil, os gastos desses visitantes no País, forte tradição olímpica, baixo risco migratório e de segurança.
A dispensa, articulada pelo ministro do Turismo, Henrique Eduardo Alves, com os ministérios da Justiça e das Relações Exteriores, valerá até 18 de Setembro.
“Esses turistas irão movimentar a economia do País, com gastos em hotéis, restaurantes, aluguer de veículos, agências de viagens e tantos outros sectores entre os mais de 50 impactados pelo turismo”, avalia o ministro Henrique Eduardo Alves, que acredita que, nesse período, “os nossos atractivos estarão em uma montra mundial e se fizermos a nossa parte muitos desses turistas voltarão após a Olimpíada trazendo amigos e parentes”.
De acordo com dados da Organização Mundial do Turismo, a facilitação de viagens pode gerar um aumento de até 20% no fluxo entre os destinos, o que representa um acréscimo aproximado de 75 mil turistas internacionais e uma injecção de US$ 80 milhões na economia brasileira.
Hoje, a cidade do Rio conta com novas instalações hoteleiras e obras de infraestrutura urbana, como novos viadutos, túneis, ligações mais rápidas entre bairros, melhorias no aeroporto internacional Tom Jobim, além das instalações desportivas, novas linhas de metro e serviços de autocarro rápidos. O ponto da segurança pública motiva ainda grande atenção por parte das autoridades.
Por Igor Lopes, no Rio de Janeiro